(mais um) Até já, Lofoten
- claudiabhonorio
- 11 de out.
- 2 min de leitura
De todas as vezes que me despedi das Lofoten, esta talvez tenha sido a que mais me custou. Vou tentar explicar porquê.
Pela primeira vez desde que a Ema nasceu, ficámos fixos a viver numa casa durante 6 meses. Até lá estávamos sempre repartidos entre a nossa carrinha Alma, a casa de madeira que alugamos no Gerês e casas de famílias. Para um casal recém chegado à parentalidade e especialmente quando o Miguel ia viajar em trabalho, isto foi, no mínimo, desafiante.
A vontade de criar raízes em algum lugar, ter uma casa, um santuário nosso cresceu mais que nunca. Decidimos ir para as Lofoten e encontrámos uma casa para alugar no meio das montanhas, a uma distância bastante aceitável do hotel onde o Miguel ia trabalhar.
A renda era menos de 700€ por mês com despesas incluídas. Mais barata que o normal por não ter acessos de carro: no Inverno teríamos que caminhar com snowshoes 1,2km do carro a casa e no verão o carro chegava mais longe e caminhávamos só 300m em trilho.
Chegámos no pico da neve em Março. Nunca tínhamos estado lá tão cedo no ano e parecia que estávamos a conhecer um sítio completamente novo. Não tínhamos roupas para isto, nem sabia o que vestir quando saía à rua, nem o que vestir à Ema.
Mas nada disso importava porque à minha frente era um cenário que só imaginava em sonhos. Aquelas montanhas escarpadas que tão bem conheço pintadas de branco, a neve a cair no mar, o contraste das cores das casinhas de madeira… eu inspirava o frio gelado e sorria.
A neve manteve-se até maio e daí foi testemunhar a magia da mudança das estações.
Este foi o ano que menos viajámos e passeámos pelas Ilhas. Talvez tenha sido pela falta de tempo, mas acho que foi simplesmente a vida a chamar-nos para aproveitar aquele lugar – rodeados de picos e lagos. E desfrutámos tanto dele. E de nós. Fiz a minha paz com o cuidar a tempo inteiro de uma bebé, vi-a aprender a andar nos trilhos, a conversar com as gaivotas e os corvos, a reparar nas formigas de madeira, a apanhar mirtilos.
Há uma energia nestas ilhas que me transporta sempre mais para mim. Acho que a sua natureza tão linda, crua e arrebatadora não me deixa opção senão fazê-lo.
Continuo a fechar os olhos e a voltar a ver o horizonte das nossas janelas. Vou guardá-lo sempre.
Até breve,
Cláudia



























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